domingo, 28 de novembro de 2010
a sala está quente . demasiado quente . está muito barulho . não consigo pensar . há pessoas à minha volta , pessoas que eu conheço , pessoas que dizem amar-me . elas falam e falam mas eu não compreendo nada . nem quero compreender . para mim , não tem significado . partilham os seus pensamentos . mas pensamentos não me interessam se não forem pensamentos sobre ti . e pensamentos sobre ti só existem em mim e em mim não se interessam . esses pensamentos não se expressam . a sério , não interessam . sim , interessam ! juro que para mim são o mundo . mas o meu mundo não interessa ao mundo . e mesmo se proferisse os meus pensamentos de ouro (sobre ti) .. não , nem vale a pena SÓ a mim é que interessam . percebes ? estou nesta sala quente e cheia e não consigo sair diste circulo vicioso de pensamento que não é pensamento . compreendes ? que mais pretendes ? não compreendes , nada pretendes , não é ? é ? AI , O QUE INTERESSA ISTO TUDO ? não juro . juro . não sei . eu tenho que sair daqui , a sério . com falsidade , sorrio . saio . fecho a porta . por um instante efémero procuro uma chave , quero trancar a porta . uma voz cá dentro diz que tenho que a trancar . nunca me acedem na mesma . mais vale nem ver esta máscara mais . esse instante passa e desisto . a little glitch in time . saio por outra porta . e outra . mas afinal por quantas portas tenho que passar ? quantas correntes tenho que cortar ? eu consigo . consigo ? não sei . sinto o frio . estou cá fora . consegui-me libertar . consegui ? porque continuo tão , não sei , presa ? a voz interior cospe palavras com veneno , diz-me que me despreza . de repente tenho medo . está escuro , isso acalma-me . mas continuo com medo . algo me grita do passado . ouço ecos , sabes ? tenho medo . começo a andar . ando rápido . começo a correr . não foco em nada . nada . mas mesmo assim sinto a tua falta . tento concentrar-me apenas em fugir . concentro-me e obrigo-me a dar toda a força que tenho em cada passo dou . cada passo mais longe . mas mesmo assim continuo no mesmo lugar . sei perfeitamente que fugir não vai resolver nada . mas é um pequeno alivio . fugir pelo menos é alguma coisa . melhor que o nada que tenho feito . não chego longe , claro , nunca chego . sinto falta de oxigénio . há meses que estou a sufocar , mas agora a falta é mais aguda . é literalmente física . dói-me o peito . dói-me o coração ( mais que o normal ) . as pernas . elas queimam . o ácido , eu sinto o ácido . não consigo correr mais . mas mesmo assim não paro . não posso , ainda não cheguei a lado nenhum . tropeço . caio . não me levanto . não vou levantar . a minha força foi-se . sumiu-se num único expirar . imaginei ver essa força que não era uma força (fugir não é uma força , é uma fraqueza) a desaparecer com a nuvem de vapor visível na fraca luz . está frio . estou cheia de calor . começo a sentir o frio . o chão está duro . chove . o que ? momento de confusão . como é que eu não reparei antes ? o céu , ele chora por mim ? que pensamento atrasado , Kay , claro que não . já não tenho nada . acho que nunca tive ? o medo continua cá . mas não é um coisa que tenho . é uma coisa de qual nunca me consegui desligar . medo . medo de que ? não sei . que me vejam ? isto , isto cá dentro é demasiado escuro para o mundo . fico por aqui .
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adorei este post (:
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