sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

quero isto . acho eu

vem . vem até aqui . pega-me na mão . puxa-me para ti . abraça-me . não tenhas medo . vem tirar-me o medo . ganha coragem . dá-me coragem . tira-me o medo . tira-me o medo de correr o risco de morrer novamente . faz-me querer correr esse risco de poder acabar com com o coração partido outra vez . mostra-me que vale a pena correr esse risco . mostra-me que estas mil e uma defesas que levanto à minha volta são desnecessárias . deixa-me ver que contigo não preciso nada delas . faz-me sentir que tu és a minha defesa . tu e eu , juntos perante o mundo . inquebráveis . deixa transparecer que não me julgas por esta fraqueza . deixa-me ver que me amas não 'apesar de tudo' mas 'por causa de tudo' . abraça-me . põe me confortável . faz isto sem que eu te peça para o fazer . faz por ti . porque se não o fizeres por ti , não pode ser para mim , logo nunca podia ser por nós . faz isto . faz como se fosse a coisa mais natural que poderias fazer . faz isto tudo . e aí , sim , jurarei que nunca te deixarei . 
quero poder sentir isto , mas , até lá , nada (..) .

domingo, 28 de novembro de 2010

a sala está quente . demasiado quente . está muito barulho . não consigo pensar . há pessoas à minha volta , pessoas que eu conheço , pessoas que dizem amar-me . elas falam e falam mas eu não compreendo nada . nem quero compreender . para mim , não tem significado . partilham os seus pensamentos . mas pensamentos não me interessam se não forem pensamentos sobre ti . e pensamentos sobre ti só existem em mim e em mim não se interessam . esses pensamentos não se expressam . a sério , não interessam . sim , interessam ! juro que para mim são o mundo . mas o meu mundo não interessa ao mundo . e mesmo se proferisse os meus pensamentos de ouro (sobre ti) .. não , nem vale a pena SÓ a mim é que interessam . percebes ? estou nesta sala quente e cheia e não consigo sair diste circulo vicioso de pensamento que não é pensamento . compreendes ? que mais pretendes ? não compreendes , nada pretendes , não é ? é ? AI , O QUE INTERESSA ISTO TUDO ? não juro . juro . não sei . eu tenho que sair daqui , a sério . com falsidade , sorrio . saio . fecho a porta . por um instante efémero procuro uma chave , quero trancar a porta . uma voz cá dentro diz que tenho que a trancar . nunca me acedem na mesma . mais vale nem ver esta máscara mais . esse instante passa e desisto . a little glitch in time . saio por outra porta . e outra . mas afinal por quantas portas tenho que passar ? quantas correntes tenho que cortar ? eu consigo . consigo ? não sei . sinto o frio . estou cá fora . consegui-me libertar . consegui ? porque continuo tão , não sei , presa ? a voz interior cospe palavras com veneno , diz-me que me despreza . de repente tenho medo . está escuro , isso acalma-me . mas continuo com medo . algo me grita do passado . ouço ecos , sabes ? tenho medo . começo a andar . ando rápido . começo a correr . não foco em nada . nada . mas mesmo assim sinto a tua falta . tento concentrar-me apenas em fugir . concentro-me e obrigo-me a dar toda a força que tenho em cada passo dou . cada passo mais longe . mas mesmo assim continuo no mesmo lugar . sei perfeitamente que fugir não vai resolver nada . mas é um pequeno alivio . fugir pelo menos é alguma coisa . melhor que o nada que tenho feito . não chego longe , claro , nunca chego . sinto falta de oxigénio . há meses que estou a sufocar , mas agora a falta é mais aguda . é literalmente física . dói-me o peito . dói-me o coração ( mais que o normal ) . as pernas . elas queimam . o ácido , eu sinto o ácido . não consigo correr mais . mas mesmo assim não paro . não posso , ainda não cheguei a lado nenhum . tropeço . caio . não me levanto . não vou levantar . a minha força foi-se . sumiu-se num único expirar . imaginei ver essa força que não era uma força (fugir não é uma força , é uma fraqueza) a desaparecer com a nuvem de vapor visível na fraca luz . está frio . estou cheia de calor . começo a sentir o frio . o chão está duro . chove . o que ? momento de confusão . como é que eu não reparei antes ? o céu , ele chora por mim ? que pensamento atrasado , Kay , claro que não . já não tenho nada . acho que nunca tive ? o medo continua cá . mas não é um coisa que tenho . é uma coisa de qual nunca me consegui desligar . medo . medo de que ? não sei . que me vejam ? isto , isto cá dentro é demasiado escuro para o mundo . fico por aqui .

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

queimou .

pára de me dizer o que sou . pára de me dizer como devo ser . pára de me dizer o que fazer . não consigo mais com isto . sentas-te ao meu lado mas não ouves nada . nada . podemos falar e falar mas .. não vou dizer nada . vão me sair palavras da boca , saem sempre , mas mesmo assim não vou dizer nada . não vai ter importância . não vai valer a pena . não vale a pena , tu não consegues ouvir . ouves o que digo . ouves as palavras mas não aquilo que quero dizer , não percebes o que quero comunicar . só ouves as palavras . mas elas não têm importância . não têm mesmo ! e mesmo naqueles momentos em que ninguém diz nada , aqueles silêncios que antes adorava , não se via ouvir nada de mim . sei que serie capaz de te ouvir o coração bater . sim , sei . mas não vais nem hás-de querer o ouvir o meu . ele está partido , sabes ? a ultima vez que o ouvi foi há uns meses . foi como quando se come uma batata demasiado quente . queima a boca . engoles . queres que passe rápido . mas não passe . piora . lá dentro és mais frágil . escalda mesmo . consegues sentir essa bola de fogo a descer , a passar pelo peito . chega aquele ponto em que não consegues falar . não te mexes . arrependes-te de ter se quer ter pegado no garfo , quanto mais teres tentado tocar numa coisa que sabias bem que não devias . não aguentei-me mais . a mim queimou por completo o coração . senti aqueles últimos batimentos franzinos , com aquilo a arder . e depois acabou . o fogo apagou-se . arrefeceu . congelou . não sei . partiu . acabou mesmo .

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

racionalizo

já não gosto do silêncio . quando estou sozinha e está silêncio , fico com medo . eu começo a ouvir o que está realmente a passar-se cá dentro . o que se passa cá dentro .. escondo-o , evito-o . certamente não falo sobre este inferno interior . não sei o que sou . não faço a mínima ideia . só sei que cá dentro , sou uma coisa escura , maléfica . maléfica mas só para mim . tenho eternamente presente uma sombra . não luto contra ele . não vale a pena . e mesmo se valesse , como se luta com uma sombra , uma fantasma ? é imaterial . cada partícula dessa coisa imaterial , inexistente , tem uma pequena voz que é quase inaudível por si , mas a sombra é enorme e em conjunto as vozes são como um rugido ensurdecedor 'nós somos tu . nós não existimos . TU NÃO EXISTES ' esta onda sonora avassalador debate-se comigo , tenta submergir-me . e eu luto contra a pressão mas está cresce . cresce e cresce até que não consigo aguentar está pressão mental do tamanho do mundo e a minha força de vontade quebra e eu rendo-me . deixo-me à mercê da minha própria mente . a minha mente que imaginou este inferno à existência . é uma tortura . é poderosa . é tudo que tenho , a maior parte do tempo . racionalizo , sempre , o meu pior defeito .

terça-feira, 2 de novembro de 2010

sou um veneno

ninguém mais tem culpa . eu sei que não . isto tudo sou eu . tudo! eu sou o veneno que percorre as minhas próprias veias . não é álcool , não é nicotina , não é ganza , não é heroína nem cocaína , nada disso . sou eu . eu sou a droga que me intoxica . incapacito-me . mutilo-me . por dentro , sou isso , um nada . não sei bem como fui criada , não faço a mínima ideia quem foi ou porquê , mas sei esqueceram-se de me preencher . eu crio uma ilusão de um interior , de uma alma , de sentimentos . mas eu estou plenamente consciente que não passa de exactamente isso : uma ilusão . basta que eu feche os olhos , que pare por uns segundos e sou submersa no meu próprio inferno outra vez . não encontro paz interior , nem sei o que isso significa se quer . e eu não consigo continuar a viver assim , isto não é viver . não consigo , mas mesmo assim faço-o . sem um interior sou incapaz de decidir o que quer que seja . nada me orienta . tento mudar , mas duvido que eu saiba o significado da palavra tentar . não é possível ser explicada , é preciso ser vivida . o veneno Kay não me permite viver . o maior efeito dessa minha droga que sou é o ódio . sou incapaz de intimidade . o veneno queima-me por dentro com cada toque . tenta tocar-me o coração , mas como isso não existe em mim , é o veneno que responde , ela queima ainda mais ferozmente . sou como uma força repulsiva automática . não caias pela ilusão de mim . não te atraias pelo meu exterior . não te seduzas com a minha marioneta de corpo . não te enganes com a minha patética desculpa de uma personalidade . e , por amor à tua própria felicidade , não te aproximes de mim . não morras no meu inferno , please .

terça-feira, 26 de outubro de 2010

what should i do ?

já não consigo escrever , as palavras não estão a funcionar , não comunicam . vejo filmes , séries , leio livros , ouço música , ouço música sempre e alto . debato-me com o cubo de rubik . tudo para não pensar . não quero pensar . não consigo ! desisto de um pensamento a meio , não sou capaz de levar a cabo , não consigo ir até ao fim . dói . dói muito . não sei o que fazer . ouço , vejo , sinto - não , não sinto , esquece o sentir ! - coisas que não fazem sentido . NUNCA FAZEM ! estou farta . isto é como estar por baixo de água por demasiado tempo , não consigo respirar . ouço aquilo que a minha mente me diz ser o meu coração como um simples eco de batimento . passo por frio , calor , seja o que for , sem realmente sentir . odeio . odeio-me . noite , gosto da noite . é libertador . é como se eu finalmente conseguisse vencer às águas e respirar . respiro , mas continuo a sufocar . visto cores , faço coisas , ajo , interajo , falo , digo treta , MUITA TRETA , sorrio , rio . isto são coisas que me servem de arco-íris , reflicto tudo para que o preto que sou por dentro não se veja . todos fazem isso , não fazemos ? se bem que os outros devem só esconder um bocado , temos todos preto dentro de nós . não é ? mas eu deixei de ter só aquele bocado de escuridão , eu sou a pretidão em si por dentro . é certo que ninguém sabe isso , mas sou , eu sei que sou . e basta isso , eu saber . eu prefiro viver as minhas expectativas que as das outras pessoas , eu desiludo sempre , eu sei . as minhas expectativas não são , já me desiludi o suficiente . durmo , gosto de dormir . é bom ter um sonho de vez em quando , uma quebra no padrão . não é a realidade , mas é a minha realidade . é uma que gosto . mas eu gosto bem mais de dormir de dia , uma quebra na rotina . é um desperdício dormir de noite . não há ninguém a focar em mim , não existe aquela luz que me expõe num pedestal à vista de todos . as coisas suavizam na noite , o meu escuro sintoniza com aquele que me rodeia . tenho menos medo . tenho mais coragem . i dare myself to feel . and i feel that i miss you . WHAT SHOULD I DO ?!

domingo, 27 de junho de 2010

i went to the beach today , the Atlantic . it was beautiful . the sun was hot , heat waves making my eyes water . spent the dangerous sun hours absorbing all the possible vitamin D (the ghost vitamin ahah) just lying there . i told my mom i was going to go to the edge of the water . to wet my feet . walk into the water . feel the light waves caress me ankles . walk slowly into the water . i told her i was going to swim towards America and not stop . i don't think she heard me . i went . i swam and swam . the water was amazing , ice cold . soft . i felt sleek . the water would just roll off my body , parting to allow my passage . yes , it was nice . i swam for what felt like an age , but i guess it wasn't really that long . i floated for another eternity , my body icy but the sun hot on my face . the beach , yellow sand , the people reduced to dwarfs . i went far . the life guard eventually came out to me . i was too far and he feared for my life . well , feared somebody would die on his watch . so i made my way easily back to land . my adventure was ended abruptly

sexta-feira, 25 de junho de 2010

it's full moon tonight . so I've been robbed of another night of sleep . there's this yellow light haunting the deserted streets . i am a wolf . i run out . i fearlessly prowl the city . i feel the wind in my hair . it tears at me , wares me down . the stones hurt my paws . human dregs and treachery scratch my nose . the ghoulish light rips at my dry eyeballs . i climb the tallest building of this depressing town . i scream at the moon till i go hoarse . and i jump . i snatch at that huge yellow eye that leers down on everything , reeking with superiority . i fail to get it . i fail to fly . i fail so i fall . and i hit the ground . i feel every bone of my canine body smash to bits . i lie there , listening to my broken heart beat all the blood out of my destroyed carcass . every last liter spills onto the pavement , splashes down the gutters . the streets glitter suddenly , drowned in my red pain . red . i get up , human again .


i wasn't even allowed to die , not worth the time of a reaper to come take away my damaged soul . i feel nothing . i lie . i run . i hide . i forget my wolfish form . my mind is disturbed , it kind of has a mind of it's own . i scream again . and again . i feel my throat rip . no one wakes . the city remains silent . some where in it there is always some one who wants something from me , needs something . but i feel i've got nothing more left to give . so they steal it . they come and invade me , intrude me , hammer at my walls , hate me , scrounge for anything they can rip from me . and then they just leave , they're gone . they are so blissfully unconscious of their cruelty , bless them . there is no tragedy , sun still comes up , and people go on with their lives as usual . its fair that my world just suddenly came to an end , there is no tragedy . its been 3 weeks .

sexta-feira, 18 de junho de 2010

go somewhere. meet someone. talk to somebody. help someone. do something. run home. cook. clean. go out, run. come home again. take a shower. rest, sweet quiet. let the water run, soothing. pretend. make myself believe it's only water on my cheeks. hot water runs out. still don't move. water is cold but nothing compared to the ice inside. now what? don't know. get out. rub myself dry. look in the mirror. hate. somethings wrong. pull on an old t-shirt. get into bed. close my eyes. dark. switch off, brain. fail. curl up. hug the covers. put a pillow over my head. oh no, forgot my phone. get up. go find it. set the alarm clock. crawl back into bed. close my eyes. and a second later triiiiiiim. WAKE UP. and it starts all over again

quinta-feira, 18 de março de 2010

..

escuridão. põe os sentimentos à flor da pele. uma mãe no parque chama os filhos para a sua beira, ansiosa; um grupo de gajos barulhentos, com risos já de embriagados, 'bora fazer merda?' diz toda a sua linguagem corporal; uma rapariga solitária caminha mais depressa e agarra a mala com mais força 'não gosto disto, não gosto mesmo'; dois apaixonados olham-se 'quero-te!' parecem gritar os seus olhos intensos e retraiem-se mais no pretidão; as façadas de bravura e felicidade falsa caiem como meras máscaras 'já ninguém me vê, posso parar de fingir..'
E de repente a luz volta e a cidade brilha de novo e a mãe suspira, aliviada; e o grupo acalma-se, desapontados; e a rapariga senta-se um por um pouco, cansada pelo medo; e o casal emerge de faces rosadas e respiraçao ainda ofegante; e as máscaras são postas novamente 'alguem algum lado está a observar-me por isso 'até logo, verdadeira eu' ..